adriano menezes

TARDE

'
a esmerilhadeira
fura aguda o tempo
rouba a tarde do silêncio
preenchendo de faíscas
pensamentos ausentes,
metais complexos
distraem o transeunte
mental.

o fogo a espirrar-se
faz o incômodo
mais que sonoro,
espaço indefensável
no jogo dos sentidos:
exposição, desguarnecimento,
certeza doente
de um cúmplice à espreita.

passo batido
firme como os homens
que não duvidam.

ando muito
para ainda estar
nos domínios
da máquina
que não pára
de existir.


(Os dias - Editora Scriptum - 2004)

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